quinta-feira, 10 de março de 2011

A QUARESMA: pensar, olhar e caminhar...


A Quaresma é um caminho com sentido obrigatório para a frente.
É um caminho sempre novo, que não está feito: será feito por cada um e à medida de cada um. Não há nada igual para ninguém, a não ser chegar ao fim deste projecto, que desembocará noutros sucessivamente novos.
É preciso, pois, antes de mais, fazer o projecto tendo em conta o destino e os objectivos que nos propomos alcançar. Depois, é necessário pôr mãos à obra e ir construindo esse caminho, dia-a-dia, desbravando florestas envelhecidas, densas e escuras, ultrapassando os empecilhos pedregosos e nivelando os terrenos, endurecendo os espaços pantanosos, desenvolvendo novas “tecnologias” de caminho, para finalmente chegarmos à visão de paisagens fantásticas nunca antes alcançadas. Este desafio não é utopia! É um objectivo possível para gente forte e determinada. Para o conseguires, firma os teus passos e afirma a tua fé! O segredo passa por aí porque Deus e eu, em comunhão, somos invencíveis.


Olhar para trás, não!
Só pode haver uma excepção: se for para fazer contas à viagem realizada tendo em vista avaliar a segurança do caminho feito, reconhecer os prejuízos causados pelos solavancos da estrada, assumir a responsabilidade dos acidentes, tomar consciência do desleixo em relação à falta de combustível, à reduzida pressão dos pneus …, e tudo o que impediu teres chegado mais longe e mais depressa.
Cuidado com a paisagem: conduzir fixando demoradamente a atenção na paisagem pode ser perigoso e tornar a viagem mais demorada. Ficar todo o tempo parado a olhar para o lado impedirá alcançar a meta.
As inversões de marcha são sempre proibidas porque nos levarão em sentido contrário. Se o fizermos, então voltaremos ao pântano, do qual já tínhamos saído e onde poderemos correr o risco de ficarmos tranquilamente acelerando o motor, mas sem gerar movimento.


A Páscoa: O tempo que não passa, o caminho que não termina.
Quem se põe a caminho e faz caminho alcança. Não terão sido alcançados todos os objectivos e a Páscoa “morreria” aí. Há mais, muito mais para alcançar. A Páscoa será o ponto alto, para onde orientamos toda a nossa caminhada, que nos vai proporcionar abrir novas perspectivas, novos horizontes de vida, de fé, de esperança e de encorajamento. Ressuscitados com Cristo vivemos a Vida Nova iluminados e conduzidos pelas novas energias do Espírito: A novidade em cada dia, que não é apenas mais um, em cada trabalho, que não é apenas mais uma cruz pesada que nos lança por terra, em cada passo, que não é um simples passo, mas o despertar para a nova ressurreição. Tudo isto porque a Páscoa (Passagem), não é algo que passa e termina, mas toda uma vida e muitas vidas, com a Luz do ressuscitado e a força de quem passa da morte para a vida diariamente.

Padre Costa Leite

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